Artigo publicado na Critical Care Medicine revela a importância dos Registros Nacionais de UTI para pesquisas clínicas e melhoria da qualidade
Publicação atualizada em: 10/06/2025
Um artigo publicado na revista Critical Care Medicine, a principal publicação científica dedicada aos cuidados críticos, destaca a importância dos Registros Nacionais de Terapia Intensiva (ou de UTI) para otimizar a assistência e o gerenciamento em unidades de saúde. A revisão foi liderada pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) em colaboração com outras 15 instituições internacionais.
Em síntese, o artigo conclui que os Registros de UTI proporcionam maior conhecimento sobre a combinação de casos e os resultados de pacientes de UTI com base em dados reais, contribuindo para melhorar a prestação de cuidados por meio de iniciativas e estudos de melhoria da qualidade.
Ele também ressalta que os aumentos recentes na adoção de novas tecnologias (estruturas baseadas em nuvem, inteligência artificial e Machine Learning) abrem novas oportunidades para análises preditivas e personalização do atendimento, garantindo um uso mais amplo e melhor dos dados para epidemiologia, políticas de saúde, melhoria da qualidade e estudos clínicos.
O que é um Registro Nacional de Terapia Intensiva?
Imagine um grande banco de dados, rico em informações sobre pacientes, seus tratamentos e resultados. Isso é um Registro de Qualidade Clínica (RQC). Os RQCs são sistemas de coleta e armazenamento de informações de saúde que permitem que profissionais de saúde e pesquisadores analisem tendências, identifiquem padrões e otimizem o atendimento.
Assim, um Registro Nacional de UTI é um RQC de pacientes internados nas UTIs de um determinado país, organizados em um banco de dados único. Ele visa fornecer uma visão abrangente das características, tratamentos e resultados dos pacientes críticos ao nível nacional.
Por que os Registros Nacionais de UTI são tão importantes?
Os Registros de UTI foram criados há cerca de três décadas para melhorar a compreensão da combinação de casos (case-mix), do uso de recursos e dos resultados de pacientes em tratamento intensivo.
A experiência inicial nos países europeus e na Oceania permitiu que, por meio dos dados gerados localmente, as UTIs pudessem avaliar seu desempenho usando medidas ajustadas ao risco e comparar seus resultados por meio de métricas de benchmarking justas e validadas com outras UTIs que contribuem para o Registro Nacional.
Tais iniciativas, associadas à crescente adoção de tecnologia da informação, resultou em uma ampla expansão geográfica dos Registros Nacionais, bem como em seu uso para estudos de melhoria da qualidade, ensaios clínicos, comparações internacionais e benchmarking entre UTIs.
Dessa forma, os Registros Nacionais representam uma verdadeira revolução na saúde, impulsionando a modernização e o aprimoramento dos sistemas de saúde por meio de:
1. Otimização do atendimento: ao permitir a análise de dados de diversos pacientes, os Registros Nacionais ajudam a identificar as melhores práticas e protocolos de tratamento, proporcionando um cuidado mais eficaz e adequado às necessidades dos pacientes graves.
2. Gerenciamento eficiente de recursos: os Registros Nacionais fornecem informações valiosas sobre o uso de recursos financeiros e humanos em UTIs, permitindo um gerenciamento mais inteligente e eficiente.
3. Mapeamento epidemiológico e pesquisa clínica: a união de dados de diferentes UTIs forma um grande mapa epidemiológico, crucial para entender a propagação de doenças, identificar grupos de risco e avaliar a eficácia de intervenções.
4. Benchmarking e melhoria contínua: comparar dados entre diferentes UTIs permite identificar áreas de melhoria e replicar práticas de sucesso, elevando a qualidade do atendimento prestado.
5. Tomada de decisão baseada em dados: os Registros Nacionais oferecem informações precisas sobre perfis epidemiológicos e práticas clínicas, substituindo suposições por dados concretos na gestão de saúde.
Programa UTIs Brasileiras: o maior Registro Nacional de Terapia Intensiva do mundo
Criado em 2015, no Brasil, o programa UTIs Brasileiras é uma parceria da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) com a Epimed Solutions. O Registro Nacional de UTI do Brasil é considerado o maior do mundo, com uma base de dados com mais de 6 milhões de internações em UTIs.
- Essa robustez de informações permite:
- Entender a variedade de doenças em UTIs e caracterizar a população de pacientes críticos;
- Melhorar a gestão dos recursos utilizados;
- Aprimorar a qualidade assistencial;
- Avaliar o impacto de intervenções hospitalares em desfechos clínicos;
- Facilitar pesquisas clínicas, oferecendo dados detalhados de grupos de risco, mortalidade e incidência de doenças.
Os hospitais participantes possuem acesso a relatórios gerenciais e benchmarking nacional e internacional em tempo real, além de apoio à decisão para melhor alocação de recursos e práticas de terapia intensiva. Eles também recebem certificados emitidos anualmente pela participação no Registro Nacional e por realizarem a gestão de indicadores.