Segurança do paciente como estratégia: o elo entre cuidado, eficiência e valor

Não há mais espaço para modelos que dissociem qualidade técnica de performance operacional. Quando estruturada com base em evidências, a segurança assistencial não apenas salva vidas, mas organiza fluxos, reduz desperdícios, fortalece e empodera as equipes, além de melhorar a experiência de todos os envolvidos na jornada do cuidado.
Estimativas da Organização Mundial da Saúde mostram que, em países de média e alta renda, um em cada dez pacientes sofre eventos adversos evitáveis durante a internação e metade desses casos poderia ser prevenida com protocolos bem estruturados e uma cultura de segurança consolidada.
No Brasil, o crescimento no número de notificações de eventos adversos, por vezes interpretado de forma negativa, é na verdade reflexo de uma maior transparência e de sistemas mais preparados para lidar com riscos de forma rastreável e consistente.
Nesse cenário, as instituições que mais evoluíram em segurança clínica são aquelas que integram tecnologia, governança e capacitação profissional de forma contínua. Ferramentas de apoio à decisão, prontuários eletrônicos inteligentes, protocolos clínicos padronizados, análise de dados em tempo real e times multiprofissionais bem-preparados tornam o cuidado mais seguro, proativo e personalizado.
Certificações internacionais, como JCI, QMentum e Quality Global Alliance, ou nacionais como a ONA, são evidências externas de um modelo que exige rigor técnico, disciplina nos processos e consistência na liderança. Selos como UTI Top Performer ou UTI Eficiente, concedidos por instituições como a AMIB e a Epimed, demonstram que é possível unir alta complexidade assistencial com gestão baseada em resultados. Uma realidade na Rede Américas onde temos 90% dos nossos hospitais com essas acreditações e certificados.
Mas segurança não é apenas sistema ou protocolo. Ela se concretiza na prática, no cotidiano da assistência, no acolhimento que oferecemos desde a chegada do paciente, a alta médica e, em muitos casos, o acompanhamento ambulatorial. Está no olhar atento de quem escuta o indivíduo, na decisão clínica embasada, na cultura de aprendizado contínuo e nas lideranças que criam ambientes de confiança. É entender que o cuidado não se esgota na técnica, mas se amplia na empatia e na experiência humana.
Vivemos um momento de transformação digital acelerada. Mas tecnologia só gera impacto real quando está a serviço de um cuidado mais eficiente, ético e humano. Isso exige alinhamento entre ferramentas, processos, pessoas e liderança comprometida com o paciente no centro de todas as decisões.
O setor de saúde tem avançado, sem dúvida. Mas ainda há um caminho importante a ser percorrido. O desafio está em transformar boas intenções em práticas consistentes, alinhando segurança clínica com inteligência organizacional. É nesse ponto que eficiência, qualidade e cuidado deixam de ser metas isoladas e passam a caminhar juntas como partes de um mesmo sistema.
Segurança do paciente não é um selo, nem um quadro na parede ostentando uma conquista isolada. É uma decisão de gestão e, mais importante, um compromisso permanente. Quando bem implementada, impacta todos os níveis da organização e entrega aquilo que mais importa: qualidade, jornadas mais seguras, eficientes e instituições mais preparadas para o futuro da saúde.