Epimed na Mídia

Estudo identifica taxa de mortalidade de 66,3% entre pacientes com covid-19 que precisaram de respirador no país

Levantamento feito pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira ao longo de um ano identificou que 46,3% dos internados em UTIs necessitaram de ventilação mecânica 

Em um ano, a covid-19 jogou quase 100 mil pacientes nas unidades de terapia intensiva (UTIs) do país. Esse dado faz parte de um levantamento feito pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), em parceria com a Epimed Solutions, que coletou informações sobre 1.509 UTIs para adultos do Brasil no período entre 1º de março de 2020 e 24 de fevereiro deste ano. 

Conforme a pesquisa, o número de novas internações em UTIs pela doença provocada pelo coronavírus chegou a 98.347, sendo 70,1% em instituições privadas e 29,8% em públicas. O tempo médio de internação nesses leitos foi de 12,5 dias. 

Além da necessidade de um maior número de dias nesses leitos, pacientes com covid-19 também demandam suporte hospitalar específico. O recurso mais empregado foi a ventilação mecânica, aplicada em 46,3% dos casos. O tempo de permanência com o aparelho é de, em média, 13,1 dias. 

As internações em UTIs por covid-19 também acarretam uso de ventilação não invasiva (31,1%) e suporte renal (12,2%), mostrou o levantamento. 

Maior taxa de mortalidade

O uso de suporte hospitalar, como diálise ou ventilação mecânica, geralmente indica complicações da doença. É por esse motivo que a mortalidade de quem precisou de respirador chegou a 66,3%, contra 9% dos não ventilados. O dado pode assustar os doentes e corroborar com a tendência atual de recusa à ventilação, mas especialistas garantem que o procedimento de entubação, executado há décadas, é seguro e não pode ser visto como vilão: 

— O problema não é a ventilação mecânica, e sim a gravidade da doença que faz a ventilação ser necessária. Quando os pacientes desenvolvem a forma mais grave da covid-19 e apresentam insuficiência respiratória, seu organismo perdeu a capacidade de trocar oxigênio por gás carbônico. O comprometimento dessa dinâmica é incompatível com a vida. Nesses casos, a entubação e a ventilação mecânica são a única maneira de sobreviver —  afirma Ederlon Rezende, membro do Conselho Consultivo e coordenador do Projeto UTIs Brasileiras da Amib.

Embora o pulmão seja o alvo principal da covid-19, podem ser acometidos órgãos como rins, coração, cérebro e intestino. Nos casos de disfunção de múltiplos órgãos, a diálise é uma opção de tratamento. A esse respeito, o estudo também identificou taxa de mortalidade de 73,9% entre os pacientes que fizeram diálise.

— Quando há disfunções múltiplas de órgãos, o quadro do paciente é muito mais grave, o que acarreta em maior necessidade de suporte hospitalar. Isso faz com que o risco de vida seja maior, e, por isso, a taxa de mortalidade é mais alta — afirma Ederlon. 

Outro ponto destacado pelo levantamento diz respeito ao perfil dos pacientes: 59,2% são homens, versus 40,8% de mulheres. Do total, 45,7% têm 65 anos ou mais e 15,3%, 80 ou acima dessa idade. Trinta e seis por cento apresentam comorbidades. 

Conforme painel da Secretaria Estadual da Saúde (SES), atualizado por volta das 16h desta segunda-feira (1º), a taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto no Rio Grande do Sul chega a 97,3% — são 2.772 pacientes internados. O Estado tem 3.722 respiradores. 

Covid-19 e UTIs em números: 

  • Tempo médio de internação: 12,5 dias 
  • Pacientes com 65 anos ou mais: 45,7%
  • Pacientes com comorbidades: 36% 
  • Pacientes que precisam de ventilação mecânica: 46,3% 
  • Mortalidade de pacientes ventilados: 66,3% 
  • Mortalidade de pacientes dialisados: 73,9% 

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2021/03/estudo-identifica-taxa-de-mortalidade-de-663-entre-pacientes-com-covid-19-que-precisaram-de-respirador-no-pais-cklqy8rqj005w014ns57ltod5.html