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Interoperabilidade: o que é e como se aplica à saúde

1 – O que é interoperabilidade?

No contexto da Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC), interoperabilidade é a capacidade de duas ou mais aplicações trocarem dados e informações de forma segura e automática. Ela é fundamental para garantir que sistemas, aplicativos ou dispositivos, muitas vezes de diferentes fabricantes e tecnologias, possam se comunicar.

Em outras palavras, a interoperabilidade permite que sistemas e tecnologias se integrem de maneira eficaz para atender às necessidades dos usuários e das organizações.

Como a interoperabilidade se aplica à saúde?

Essa capacidade de compartilhamento de informações é especialmente importante em setores como a saúde, na qual registros eletrônicos precisam ser compartilhados entre diferentes instituições, e em tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), em que diversos dispositivos precisam trabalhar conjuntamente para fornecer funcionalidades avançadas aos usuários.

Dessa forma, a interoperabilidade entre sistemas de saúde possibilita que as organizações de saúde compartilhem, troquem e utilizem informações com agilidade e precisão, a fim de aprimorar a coordenação do atendimento, a qualidade dos cuidados aos pacientes e a eficiência operacional.

Nesse segmento, é possível listarmos algumas das principais aplicações, benefícios e desafios na interoperabilidade entre os sistemas. Veja abaixo:

  1. Padronização de dados e comunicação: na área da saúde, é comum encontrarmos alguns padrões de estrutura e formatação dos dados de saúde, bem como de comunicação entre sistemas. Exemplos incluem os padrões HL7, FHIR e DICOM.
  2. Troca de informações clínicas: os sistemas de saúde podem compartilhar informações clínicas relevantes como registros de pacientes, resultados de exames, históricos médicos e planos de tratamento. Assim, é possível que os profissionais de saúde tenham uma visão ampla do real estado de saúde do paciente, avaliando todo o histórico clínico de passagens por outras instituições de saúde.
  3. Integração entre sistemas: as organizações de saúde utilizam uma variedade de aplicativos e dispositivos. A interoperabilidade assegura a integração desses sistemas para funcionarem de modo harmonioso e eficiente, gerando maior qualidade nas informações e, consequentemente, uma melhor tomada de decisão em tratamentos clínicos.
  4. Segurança e privacidade: a proteção dos dados é fundamental. Os sistemas devem garantir medidas robustas de segurança e conformidade com regulamentações de privacidade, como o HIPAA nos Estados Unidos, o GDPR na União Europeia e a LGPD no Brasil.
  5. Melhoria da tomada de decisão: a interoperabilidade possibilita que profissionais de saúde acessem informações em tempo real, influenciando positivamente na tomada de decisões clínicas e levando a diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes.
  6. Redução de erros e custos: a troca de informações através da interoperabilidade reduz a duplicação de exames, erros médicos e custos operacionais, melhorando a eficiência do sistema de saúde.
  7. Engajamento do paciente: a interoperabilidade também pode envolver o compartilhamento de informações de saúde com os pacientes, permitindo que eles tenham um papel mais ativo no próprio cuidado.
  8. Desafios tecnológicos e culturais: alcançar a interoperabilidade pode ser complexo devido à diversidade de sistemas, resistência à mudança e questões de propriedade e acesso aos dados.
  9. Regulamentação e incentivos: governos e autoridades de saúde desempenham um papel importante na promoção da interoperabilidade, estabelecendo regulamentações e oferecendo incentivos financeiros para sua implementação.
  10. O futuro da saúde digital: a interoperabilidade é parte fundamental da evolução da saúde digital, permitindo avanços como registros eletrônicos de saúde compartilhados, telemedicina e medicina personalizada.

Em suma, a interoperabilidade em sistemas de saúde é indispensável para melhorar a qualidade do atendimento, reduzir custos e proporcionar uma experiência mais integrada e centrada no paciente. É um campo em constante evolução à medida que a tecnologia e as regulamentações continuam se desenvolvendo.

2 – Formatos e padrões de interoperabilidade existentes

Na área da saúde, há vários padrões e formatos de dados comumente usados para facilitar a interoperabilidade. Alguns dos formatos e padrões mais importantes incluem:

  1. HL7 (Health Level Seven): conjunto de padrões internacionais para a troca de informações de saúde eletrônicas. O HL7 utiliza mensagens e documentos para representar dados clínicos, administrativos e financeiros. O HL7 v2.x e o HL7 FHIR (Fast Healthcare Interoperability Resources) são exemplos notáveis.
  2. DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine): padrão amplamente utilizado para a troca de imagens médicas como radiografias, ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas. Ele define formatos de arquivo e métodos de comunicação para imagens médicas digitais.
  3. CDA (Clinical Document Architecture): padrão de documento clínico desenvolvido pelo HL7 que fornece uma estrutura XML para representar documentos médicos como relatórios de alta hospitalar e resumos de saúde.
  4. SNOMED CT (Systematized Nomenclature of Medicine – Clinical Terms): terminologia que fornece um conjunto abrangente de termos clínicos, composto de conceitos, descrições, correlações e categorias, usados para representar conceitos clínicos em registros eletrônicos de saúde. É utilizado para codificar diagnósticos e procedimentos que podem ser usados para registrar informações sobre a saúde dos pacientes.
  5. LOINC (Logical Observation Identifiers Names and Codes)**: sistema de codificação de observações médicas que produz códigos padronizados para resultados de exames laboratoriais e observações clínicas.
  6. ICD (International Classification of Diseases): classificação internacional de doenças usada para codificar diagnósticos clínicos e estatísticas de saúde. O CID-10 é amplamente utilizado, mas o ICD-11 já está em desenvolvimento.

Esses são apenas alguns exemplos dos padrões e formatos utilizados e suas respectivas aplicações na área da saúde para garantir a interoperabilidade dos sistemas de informação. A escolha do formato ou padrão depende dos requisitos específicos do sistema de saúde e das regulamentações locais e nacionais.

A interoperabilidade eficaz envolve a adoção e a conformidade com esses padrões para garantir a troca segura e precisa de informações de saúde entre sistemas e organizações. Cada um desses padrões serve a um propósito específico, facilitando a troca de informações entre diferentes sistemas de saúde e profissionais.

Assim, a interoperabilidade na saúde é essencial para fornecer um cuidado mais seguro, eficaz e centrado no paciente, além de facilitar a pesquisa médica e melhorar a eficiência dos sistemas de saúde.