[Artigo] Checklist para pacientes sob ventilação mecânica: essa estratégia funciona?
Checklist para pacientes sob ventilação mecânica: essa estratégia funciona?
Quando falamos de pacientes sob ventilação mecânica (VM), estamos nos referindo a uma categoria de pacientes graves, de alta complexidade e elevada morbimortalidade, em que o suporte ventilatório é um meio de manter a ventilação e a oxigenação do paciente enquanto a causa básica que o levou à insuficiência respiratória é tratada. Ou seja, estamos falando de um grupo de pacientes extremamente heterogêneo.
Todos esses pacientes com diagnósticos distintos, comorbidades variáveis e gravidade alta (mas também distinta) estão sob risco das mesmas complicações ao ficarem em VM. Entre as principais complicações, destacam-se as infecções adquiridas na UTI (principalmente VAP e VAT), tromboembolismo venoso, sangramento gastrointestinal e aquelas decorrentes da VM prolongada e da sedação profunda, como delirium, complicações das vias aéreas e fraqueza muscular adquirida na UTI.
Diversas intervenções baseadas em evidências científicas sólidas podem reduzir esses riscos. Portanto, se temos evidências e as conhecemos, por que não as utilizamos? Uma primeira reação legítima a essa afirmação seria dizer: sim, as utilizamos! Porém, se olharmos os dados das literaturas nacional e internacional cuidadosamente, veremos que não empregamos as medidas de prevenção sistematicamente, isto é, para todos os pacientes elegíveis (em risco e sem contraindicações) no momento certo, na dose certa e na duração correta.
Para exemplificar os pontos acima, dados de estudos multicêntricos brasileiros mostram que a adesão às medidas vitais, como uso de VM protetora e sedação leve, por exemplo, quando avaliadas individualmente, não ultrapassam os 60% na maioria das UTIs.
Sendo assim, ações de educação e de treinamento podem e devem ser implementadas. Protocolos clínicos simples, mas bem desenhados e geridos pela equipe multiprofissional devem ser estimulados. Contudo, sabemos que o ambiente estressante e a grande sobrecarga cognitiva da UTI, associados à multiplicidade de tarefas e às constantes interrupções, fazem os profissionais deixarem de implementar medidas de prevenção essenciais.
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