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Epimed update – Revisando os escores prognósticos: Escores prognósticos para avaliação de gravidade

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Os escores prognósticos, como, por exemplo, SAPS e APACHE, também são denominados escores de gravidade. Em certa medida, ambas nomenclaturas estão corretas, visto que os escores de fato geram medidas de gravidade (“severity of illness”) através da pontuação e, simultaneamente, de prognóstico através da probabilidade de óbito.

Embora para uma mesma pontuação possamos ter probabilidades de óbito distintas em pacientes distintos, sabemos que, de modo usual, quanto maior a pontuação, maior a gravidade do paciente. Tal fato se explica pela pontuação ser gerada por uma combinação de fatores que realmente representam a gravidade global de um paciente crítico, sendo estes características demográficas, idade, comorbidades, alterações fisiológicas e laboratoriais e necessidade de suporte orgânico.

Contudo, diversos estudos apontam que, apesar de serem precisos para avaliar populações de pacientes, os escores não têm a mesma precisão quando utilizados para a avaliação individual do paciente. Dessa forma, as comparações individuais de gravidade por meio da pontuação não são utilizadas, ainda que seja evidente, por exemplo, que um paciente com SAPS3 de 75 é mais grave que um paciente com SAPS3 de 40.

Uma outra limitação do uso desses escores para a avaliação individual do paciente refere-se ao fato de que a gravidade do paciente de UTI é dinâmica. Logo, um escore sequencial captura melhor a evolução individual do paciente no que concerne ao acúmulo e resolução de falências orgânicas, sendo estas os principais fatores agudos associados à mortalidade. Por essa razão, escores como o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) são mais frequentemente recomendados para a avaliação de gravidade e desfecho individual de um paciente de UTI.

Mais uma vez, a principal utilidade dos escores recai sobre a avaliação populacional ou de case-mix, o que é de grande valia para a avaliação de perfil e de desempenho de UTIs. Sendo assim, entender a gravidade dos pacientes de uma UTI ou de um subgrupo de pacientes (pacientes cirúrgicos eletivos, com sepse ou AVC), a partir da pontuação média de um escore, é útil para compreender a sua gravidade global e para comparar com a gravidade desse grupo de pacientes ao longo do tempo na UTI, como em avaliações de resultados de UTI realizadas anualmente ou a cada três meses.

Adicionalmente, a pontuação gerada pelos escores auxilia o gestor de UTI no benchmarking, uma vez que, ao realizar as comparações de resultados da sua UTI com as demais UTIs da rede hospitalar ou da base de UTIs do sistema Epimed, ele pode compreender melhor o perfil e a comparabilidade dos seus pacientes (em função da gravidade), qualificando melhor os achados de desfechos (mortalidade, tempo de internação) e o uso de recursos.

Para artigos de referência sobre o tema, veja:

ICU severity of illness scores: APACHE, SAPS and MPM

What every intensivist should know about prognostic scoring systems and risk-adjusted mortality

Clinical review: Scoring systems in the critically ill

SOFA and mortality endpoints in randomized controlled trials

Organ dysfunction in patients with severe sepsis

Acompanhe a série Epimed Update – Revisando os escores prognósticos! No próximo conteúdo, abordaremos o tema: Escores prognósticos para orientar tratamentos e admissão na UTI. Fique por dentro das nossas comunicações!

Autor: Dr. Jorge Salluh, cofundador e diretor científico da Epimed Solutions, eleito pela Universidade de Stanford como um dos autores mais influentes do ano.