[Artigo] Interoperabilidade de dados e seus desafios no cenário hospitalar
1 – O que é interoperabilidade de dados na saúde?
Interoperabilidade de dados na saúde refere-se à capacidade de diferentes sistemas e dispositivos em trocar, interpretar e usar informações de maneira coordenada e eficaz. Inclui tanto a troca de dados entre hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, entre outros pontos de atendimento, bem como a integração de dados entre diferentes dispositivos médicos e sistemas de gestão de informações.
A interoperabilidade de dados na saúde se tornou essencial para melhorar a qualidade do atendimento, a segurança do paciente e a eficiência dos sistemas de saúde. No entanto, alcançar a plena interoperabilidade exige a superação de desafios significativos relacionados a padrões, segurança, qualidade dos dados, custos e resistência a mudanças.
Nesse cenário, a colaboração entre governos, instituições de saúde e fornecedores de tecnologia é crucial para enfrentar esses desafios e promover os benefícios da interoperabilidade. Neste artigo, exporemos as principais dificuldades para aderir à interoperabilidade de dados na saúde.
2 – Desafios da interoperabilidade de dados na saúde (padronização de dados, legislação e tecnologias)
Os maiores desafios da interoperabilidade de dados na saúde envolvem questões técnicas, organizacionais e regulatórias que dificultam a troca e a utilização eficiente de informações entre diferentes sistemas e organizações de saúde. Aqui estão alguns dos principais desafios:
- Padrões de dados incompatíveis
Um dos principais motivos para a dificuldade de implementar a interoperabilidade em uma grande massa de dados nas instituições de saúde é a padronização dos dados.
Há três tipos de interoperabilidade:
- Interoperabilidade sintática: possui foco na estrutura dos dados. Garante que os dados trocados entre sistemas usem formatos compatíveis, como XML ou JSON;
- Interoperabilidade semântica: possui foco no significado dos dados. Garante que a informação trocada tenha o mesmo significado em diferentes sistemas, usando terminologias e padrões comuns, como SNOMED CT ou LOINC;
- Interoperabilidade organizacional: envolve políticas, processos e requisitos legais que facilitam a troca e o uso de dados entre diferentes entidades.
Atualmente, há diversos padrões de dados e formatos utilizados por sistemas diferentes, como HL7 v2, HL7 FHIR, DICOM, entre outros. A falta de um padrão universal dificulta o processo de integração, pois cada instituição de saúde pode utilizar o que melhor lhe convém.
2. Legislação e regulamentação
Diferentes países e até mesmo diferentes estados de um mesmo país, como ocorre nos Estados Unidos (CCPA, HIPAA, etc.), podem ter regulamentações distintas sobre privacidade e proteção de dados em saúde. Essa variação entre as leis de privacidade de dados dificulta a troca de informações entre fronteiras, pois cada país ou estado pode utilizar formatos ou bibliotecas clínicas conforme a própria necessidade.
Na União Europeia, por exemplo, a GDPR (General Data Protection Regulation) impõe requisitos rigorosos sobre o armazenamento e processamento de dados pessoais, incluindo dados em saúde. Já no Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) regulamenta todo esse processo. Essa diversidade de regulamentações se torna um fator dificultador na implementação e na criação de sistemas interoperáveis que possam ser utilizados uniformemente em diferentes regiões.
Outro aspecto importante é a ausência de normas padronizadas sobre a troca de dados de saúde entre diferentes sistemas e jurisdições. A criação de diferentes sistemas de codificação de doenças e tratamentos, como CID-10, CID-11, SNOMED CT e LOINC, são usados em diferentes regiões, dificultando a interoperabilidade.
Superar esses desafios requer um esforço coordenado entre governos, organizações de saúde e fornecedores de tecnologia para harmonizar regulamentos, simplificar requisitos de conformidade e promover a adoção de padrões globais.
3. Custos e complexidade
Implementar soluções de interoperabilidade pode ser caro em algumas regiões e tecnicamente complexo, exigindo investimentos em novas tecnologias e treinamento de pessoal. Por exemplo, pequenas clínicas e hospitais podem não ter recursos humanos e financeiros para adotar novas tecnologias interoperáveis.
4. Fragmentação dos sistemas de saúde
A fragmentação dos sistemas de saúde é um dos desafios mais significativos para a interoperabilidade de dados na saúde, podendo ocorrer em várias dimensões, como tecnologia, processos e infraestrutura organizacional.
Por exemplo: a falta de compatibilidade entre sistemas impede a troca fluida de dados de saúde entre diferentes instituições, dificultando a criação de um registro médico unificado para os pacientes. Isso ocorre quando o hospital usa um sistema de prontuário eletrônico (EHR — Electronic Health Record) de um fornecedor, mas a clínica (seja de exames de imagem, especialidades, entre outras) utiliza um EHR diferente, resultando em dificuldades na comunicação.
Uma possível solução para essa situação seria o desenvolvimento de redes e plataformas interoperáveis que permitam a comunicação entre sistemas distintos, utilizando APIs e outras tecnologias de integração.
3 – Conclusão
É de conhecimento geral que a interoperabilidade de dados na saúde traz inúmeros benefícios no cuidado e tratamento dos pacientes, trazendo mais segurança e eficiência aos processos nos sistemas de saúde. Contudo, essa diversidade de padrões, legislações, custos e complexidades dificultam a troca de dados e informações entre as instituições de saúde.
Conforme pontuamos, para superar esses desafios, é necessário um esforço coordenado entre governos, organizações de saúde e fornecedores de tecnologia para harmonizar regulamentos, simplificar requisitos de conformidade e promover a adoção de padrões globais para superar os obstáculos financeiros e técnicos da interoperabilidade de dados na saúde.
No momento em que esses desafios forem superados, será possível atender e explorar o máximo do potencial da interoperabilidade no cenário global de saúde.
A Epimed Solutions trabalha todos os dias para atenuar ao máximo esses desafios, disponibilizando para os seus clientes tecnologias de alta complexidade, capazes de trafegar dados com diferentes sistemas hospitalares, laboratoriais e administrativos. Além disso, a Epimed está totalmente adaptada e adequada às práticas impostas pela legislação de cada um dos onze países em que está presente atualmente.